Edimburgo no verão e seus festivais
Enviada especial | Paula Bicudo
Como fã do charme das cidades do Reino Unido, mesmo antes de embarcar a Edimburgo eu já intuía que gostaria da cidade. Mas não imaginava que cairia de amores, como aconteceu.
Comecei mais um caso de amor como os que mantenho com Londres, Paris e Praga. Edimburgo no verão é completamente inebriante e apaixonante.
E qual a melhor data para viajar para Edimburgo? Agosto, sem dúvida, o mês em que literalmente tudo acontece. Os habitantes locais nos disseram que só pretendem voltar a dormir em setembro, quando o frenesi dos festivais acaba e a cidade volta ao seu ritmo normal.
Festivais em Edimburgo no verão
Os festivais são muitos. O primeiro deles e o mais oficial é o Edinburgh International Festival, mais focado em música clássica, espetáculos de ópera e teatro. Foi criado em 1947, no pós-guerra, com o intuito de “elevar o espírito humano”.
Tivemos o imenso prazer de assistir o concerto de abertura, que foi inesquecível.
Um outro festival que ocorre apenas em agosto é a Royal Edinburgh Military Tattoo, uma parada noturna com bandas militares da Escócia, que acontece numa apoteose construída em frente ao belíssimo Castelo de Edimburgo.
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A palavra “tattoo” não significa tatuagem neste contexto, mas deriva de uma expressão holandesa,” tap toe” ou” last call”, um sinal musical dado aos soldados para que tomassem a última cerveja no bar. Esse sinal musical era dado por uma pequena bandinha militar, que originou a palavra “tattoo”.
Muitas das bandas representam os clãs escoceses e fazem suas entradas ao som emocionante das gaitas de fole. Há ainda apresentações da orgulhosa banda dos Royal Marines e de bandas militares convidadas de outras nações, como Trinidad e Tobago e Malta, e até uma banda tribal da Nova Zelândia.
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É um show do patriotismo escocês. No final, toda a platéia, comportadíssima até então, canta “Auld lang syne”, a famosa música ouvida nos países de língua inglesa na ocasião da virada de ano. Todos em coro e de braços dados.
Outro festival muito importante é o Edinburgh Book Festival, com palestras de autores muito conceituados, principalmente da língua inglesa.
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Nessa edição 2014, o festival contou com a presença de George R. R. Martin, autor das Crônicas de Gelo e Fogo, a coleção de livros que foi transformada na famosa série da HBO, Game of Thrones. Comparado a Tolkien, ele é um nome de peso da literatura fantástica, e só participa de grandes eventos.
De todos, o festival que mais me encantou foi o Fringe. O Fringe foi criado praticamente na mesma época do que o Edinburgh International Festival, por companhias de teatro e performistas alternativos que não haviam sido convidados para fazer parte do Festival oficial e, portanto, ficariam “à margem” dele.
Até hoje, as performances são muito mais livres e descontraídas e ocorrem em pequenos palcos ou na rua mesmo, num trecho fechado da Royal Mile destinado ao festival.
Há espetáculos maiores, que também fazem parte do Fringe e que acontecem em teatros ou em igrejas, transformados em palcos durante o mês de agosto. Assistimos um desses espetáculos maiores, uma apresentação chamada Circa, que mesclava teatro, malabarismos e boa música.
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Devo dizer que cambalhotas e rodopios ao som de My Way, na versão da banda Sex Pistols, foi super inusitado e sensacional. O público, em geral muito jovem, aplaudiu de pé, e após o encerramento do espetáculo, se reuniu na tenda ao lado para beber e festejar, representando bem o espírito da cidade nestes dias de agosto.
As performances de rua do Fringe são ainda mais legais. Não se limitam ao espaço destinado ao festival. Em cada esquina, você se depara com alguém fazendo alguma coisa mais maluca do que na anterior.
Há aliens beijando criancinhas, Darth Vader de kilt, faunos, drag queens e muito mais, numa mistura louca e vibrante, muito contrastante com a esperada formalidade britânica.
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Outras atrações em Edimburgo no verão
Além dos festivais, que tornam a cidade muito mais viva no mês de agosto, Edimburgo ainda conta com o charme histórico misturado à simpatia, alegria e orgulho do seu povo, com atrações muito interessantes, abertas em qualquer época do ano:
Castelo de Edimburgo: Edificação medieval, muita bem preservada, que conta muito sobre a história da monarquia na Escócia e de como essa se juntou à monarquia inglesa. Dá pra fazer tours com guias bem preparados e versados em história. Só preste atenção ao inglês falado por eles e por todos os escoceses, que pode ser um pouco mais difícil de se compreender.
Além de muito interessante historicamente, o castelo ainda conta com uma charmosa casa de chá, super agradável pra uma pausa num dia cansativo de turismo.
Royal Mile: A Royal Mile é a principal rua da Cidade Antiga, que liga o Castelo de Edimburgo à Holyrood Palace, a casa oficial da realeza escocesa, que hoje em dia é representada pela Rainha Elizabeth.
É uma jóia medieval, com vários pontos históricos de destaque, entre eles a Catedral de St. Giles e vários closes, que são pequenas alamedas ou pátios, com entrada para a Royal Mile. Eram repletos de apartamentos, onde viviam muitas pessoas na Idade Média.
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Cada close recebia o nome de seu proprietário ou de um morador memorável. Com a expansão da cidade e o aterro de algumas áreas no século XVIII, alguns closes viraram ruelas subterrâneas.
O close mais famoso é o Mary King’s Close, no qual é possível fazer um tour guiado para saber como viviam as pessoas na Idade Média num local tão precário e conhecer as muitas histórias de assombrações que habitam até hoje esse close.
Há outros tours sobre fantasmas e assombrações, como o City of The Dead tour e o The Gost Bus Tour, entre outros. Para quem gosta de fantasmas, Edimburgo é um prato cheio.
Princes Street Gardens: Um lindo parque central na cidade nova. Foi construído sobre o local onde o lago Nor existia e foi drenado nos séculos XVIII e XIX, como parte das obras de renovação da cidade.
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Lá ficam as National Galleries of Scotland, com um acervo importante. Nos raros dias de sol, os moradores se encontram e descansam nestes jardins. No verão, uma linda roda gigante fica nas proximidades.
Se depois de tudo isso, ainda não se convenceu a visitar Edimburgo, talvez um lindo suéter de pura lã escocesa, um kilt tradicional ou fashion, ou ainda uma deliciosa garrafa do puro scotch whisky sejam os atrativos que faltavam. Para ver e beber scotch whisky de qualidade, sugiro a The Scotch Whisky Experience, na Royal Mile, pertinho do Castelo de Edimburgo.
Lá é possível jantar, fazer degustação e ainda conhecer a belíssima coleção de mais de 3300 garrafas de whisky vendidas à Diageo por um milionário brasileiro chamado Claive Vidiz, que devolveu a coleção à sua terra de origem com a seguinte frase: “o bom filho à casa torna”.
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Onde comer em Edimburgo
Os pratos mais típicos da Escócia são o haggis (bucho de carneiro recheado com miúdos moídos) e os oat cakes (biscoitos de aveia). Mas comem-se muitos peixes, preparados de todas as formas, até como sopa, deliciosa por sinal.
Tudo isso, sempre acompanhado por uma boa cerveja escocesa, encorpada e densa, em todas as suas versões. Faço algumas indicações de restaurantes, mas toda a cena gastronômica da cidade me pareceu autêntica, vibrante e em expansão.
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The Cellar Door: comida tradicional escocesa, em um ambiente de taverna, que serve peixes muito frescos, o haggis e deliciosas cervejas. Veja aqui.
Howies: outro restaurante que serve boa comida escocesa feita com ingredientes sazonais e frescos, como sopa de peixe, salmão em várias formas de preparo, cordeiro, também muito apreciado pelos escoceses, e o tradicional haggis, com bom custo-benefício e porções bem servidas. Veja aqui.
Angels with Bagpipes: restaurante localizado em frente à Catedral de St. Giles, mais tradicional e refinado, com espaço para grupos maiores e boa comida, além de uma boa carta de cervejas e cidras. Veja aqui.
Mark Greenaway: restaurante refinadíssimo do chef homônimo, localizado na cidade nova, este é o endereço em Edimburgo para os que apreciam a alta gastronomia. O menu todo é um deleite, um convite ao prazer, com carnes extremamente macias, couves-flores crocantes, poucas e bem colocadas espumas, e soufflés doces inesquecíveis. Isso sem falar na elegância clean do salão e no excelente serviço. Veja aqui.
Onde se hospedar em Edimburgo
G&V Royal Mile Hotel: antigo Hotel Missoni, todo decorado com estampas Missoni, colorido, porém extremamente elegante, hype, confortável e moderno, o hotel faz a cabeça dos mais antenados.
Os funcionários do hotel vestem camisas pretas e kilts com estampa Missoni, a música ambiente é de extremo bom gosto e o bar, alegre e cheio o tempo todo. E o melhor, fica na cara do gol, no meio da Royal Mile, muito próximo ao Castelo de Edimburgo. Diárias entre 200 e 270 libras em agosto.
Radisson Edinburgh: também localizado na Royal Mile, fica próximo a quase todos os pontos turísticos da cidade, tem o conforto que os hotéis dessa rede oferecem e um bom custo-benefício, com diárias entre 100 e 220 libras.
Motel One Royal: localizado na Market St, na transição entre a cidade velha e a cidade nova, próximo à estação de trem, esse hotel é a boa pedida pra quem quer ficar bem localizado em Edimburgo, num hotel moderninho, com baixo custo. Diárias entre 70 e 95 libras para agosto. Uma excelente pedida.
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Considerações finais
Por fim, deixo vocês com minhas considerações finais sobre a cidade, mais baseadas em impressões, do que em critérios objetivos: “Edimbra”, como pronunciam seus moradores, apesar do clima chuvoso e pouco convidativo, se mostrou uma cidade alegre, charmosa, tradicional e jovem, histórica, de vanguarda, e inesperadamente apaixonante, até mesmo para viajantes com o coração mais duro.
Edimburgo entrou para o rol das cidades que falam ao meu coração, e certamente voltarei para passar mais alguns dias de verão curtindo sua vibrante alegria e seu imenso acervo histórico e cultural a céu aberto.
E espero encontrar a cidade ensolarada e brilhante, como no dia em que me apaixonei por Edimburgo.
Paula Bicudo viajou a convite da Delta, para ser apresentada às novas vantagens da parceria da Delta com Virgin, Gol e Aeroméxico.
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18 comentários
Gostei do texto .
Bom conteúdo geral .
Abrangente porém suscito .
É possível fazer um bate e volta de Edimburgo para Dublin. Qual seria a melhor forma?
Olá, Mariana! A Escócia fica numa ilha, a Irlanda fica noutra. Você teria que ir e voltar de avião no mesmo dia.
Tive a sorte de assistir ao vivo ao Royal Edinburgh Military Tattoo e foi incrivel… Comprei os bilhetes na rua com muita sorte (esgotam sempre) e não me arrependi nada, até comprei o DVD desse ano! Recomendo a todos os que visitam Edimburgo em Agosto.
gostaria de saber qual o melhor forma de viajar de Londres para Edimburgo? de Trem ou alugando carro? qual o tipo de bilhete devo comprar para ir de trem? obrigada
Olá, Iolanda! De trem, 2a classe está bom. Compre em https://www.thetrainline.com
Legal, Paula! Sou doida pra ir a Edimburgo, agora só fiquei com ainda mais vontade!