Onde comer bem em Hong Kong

Come-se muitíssimo bem em Hong Kong. Paladares aventureiros vão se divertir, especialmente.

Na culinária cantonesa encontramos outras texturas e maneiras de apresentar a comida, além de ingredientes familiares com usos que nunca vimos — que tal mingau de arroz salgado? Ir a um restaurante de dim sum é a melhor maneira de experimentar essa cozinha, compartilhando as pequenas porções de comida entre todos à mesa.

Dim sum em Hong Kong
Dim sum no Jade Garden

Não se atenha, porém, às especialidades da região. Hong Kong tem restaurantes com cozinhas de todas as partes do mundo. Entre os premiados na edição do Guia Michelin deste ano há restaurantes franceses, italianos, espanhóis, indianos, japoneses, vietnamitas, tailandeses e de diversas regiões da China.

Encontrar restaurantes bons e baratos é fácil. Mas vale a pena, ao menos uma vez, se permitir alguma extravagância. Jantar num dos elegantes restaurantes no topo dos prédios comerciais pode ser um dos momentos memoráveis da sua viagem. Almoçar em um salão de chá tradicional, também.

Seja qual for o seu perfil de comilão — foodie ou junkie, mão-de-vaca ou mão aberta — só não deixe de visitar, por favor, pelo menos uma padaria.

Dim sum no Jade Garden, Hong Kong
Jade Garden

Dim sum: tradição para compartilhar

Eu não sei como eles fizeram para contar, mas os cantoneses garantem existir 2 mil tipos de dim sum. Nos restaurantes, os cardápios podem incluir mais de uma centena deles.

Para começar, escolha os bolinhos feitos no vapor ou assados, com massa de trigo ou de arroz, recheados com carne de porco, camarões, vegetais. Procure no cardápio por steamed dumplings, baked buns, steamed buns. Divirta-se com a variedade de formatos e texturas.

As massas podem ser transparentes, amarelas ou brancas; firmes, fofinhas ou elásticas; redondas ou decoradas.

Depois, peça o que a curiosidade mandar. A refeição pode seguir com rolinhos primavera (spring rolls), sequinhos e crocantes. Com noodles na companhia de mil e um ingredientes. Com quadradinhos grelhados feitos de nabo (pan-fried turnip cakes), ou com bolinhos de massa de taioba fritos (deep-fried taro dumplings).

Com arroz envolto em folha de lótus (steamed glutinous rice), ou uma porção de pés de galinha (braised chicken feet). Com congee, um intermediário entre canja e mingau, feito de arroz e por vezes acompanhado de exóticos ovos em conserva.

Para acompanhar, chá de jasmim, que curiosamente cai muito bem com essa comilança toda.

Provei o dim sum de três restaurantes. Primeiro, do badalado Tim Ho Wan, na ilha de Hong Kong; baratíssimo e com jeitão de fast food. Depois, do House of Jasmine, que fica no shopping Harbour City, em Tsim Sha Tsui, e tem um terraço espetacular.

O cardápio ali vai bem além do dim sum, na verdade, e mistura pratos tradicionais cantoneses a outros mais moderninhos. Os dumplings são bem gostosos, mas bom mesmo é o porco agridoce.

Por fim, o dim sum do Jade Garden, também em Tsim Sha Tsui. Foi o meu favorito.

Dim sum no Jade Garden, Hong Kong

O Jade Garden é mais tradicional. Tem cara de salão de chá mesmo, bonitão e super amplo (é durante o chá, de manhã ou de tarde, que os cantoneses comem dim sum). Não à toa, é oferecido desconto nas porções entre 11 da manhã e 16h30, de segunda a sexta-feira — o que vem bem a calhar para os nossos hábitos de almoço.

No Jade Garden você marca o que deseja comer em um (gigantesco) cardápio e entrega à garçonete. Os pedidos chegam à mesa pouco a pouco, de carrinho, como manda o figurino.

Panquecas de massa de arroz no dim sum do Jade Garden

Noodles no dim sum do Jade Garden
Panquecas, noodles e dumplings

Estavam particularmente gostosas as panquecas de massa de arroz recheadas de porco (steamed flour rolls with barbecued pork), os noodles com ovos, mariscos e camarões (fried rice noodles with shrimp, sea clam and scrambled eggs) e os dumplings de vegetais (steamed vegetarian dumplings).

Egg tart no dim sum do Jade Garden

Sobremesa no dim sum do Jade Garden
Sobremesas

De sobremesa, deliciosas tortinhas de ovos (egg tarts) ao estilo cantonês, e simpáticos porcos-espinhos com recheio de ovos também (mais bonitinhos do que saborosos, mas não há como resistir).

O Jade Garden não é barato como o Tim Ho Wan, mas também não é caro: uma porção de dumplings custa HK$ 28, o que dá menos de 8 reais. Dividindo com amigos, dá 2 reais por bolinho. Um almoço farto que inclua pratos mais caros fica entre 30 e 40 reais, por pessoa.

Café Gray
Café Gray

Onde estão os restaurantes bacanas?

Achar um lugar para comer em Hong Kong não é difícil: até mesmo nas estações de metrô existem restaurantes e lanchonetes.

Complicado é encontrar os restaurantes mais sofisticados, embora eles existam aos montes. É que os restaurantes bambambãs não estão na rua, mas em hotéis, prédios comerciais, ou em hotéis que ficam dentro de prédios comerciais.

Desse gênero, o Café Gray foi o restaurante mais interessante que conheci em Hong Kong. Fica no 49º andar do hotel The Upper House, um cinco estrelas em Central.

Café Gray

Tem uma vista sensacional do Victoria Harbour e dos arranha-céus no entorno, além de um salão super elegante e acolhedor.

Por lá, o menu tem ótimos pratos, sem firulas, como em cafés (não por acaso). Comi uma truta muito boa, mas o destaque absoluto da noite foi a sobremesa: suflê de Limoncello.

Suflê de Limoncello no Café Gray

Uma delicadeza.

Você pode procurar pelos restaurantes bacanas de Hong Kong no guia Open Rice (clique em “Advanced Search” e selecione “Fine Dining” ou “Romantic Dining” no campo “Good For”), e também em blogs locais de gastronomia (como o E_ting e o HungrySu). Vale consultar a lista de vencedores do Guia Michelin, claro, mas não é preciso escolher entre os mais caros para ter uma refeição incrível.

Os preços regulam com o que encontramos em restaurantes do Rio de Janeiro e São Paulo. Procure pelos cardápios nos sites oficiais; muitas vezes há um PDF com os valores. Um menu fechado de 5 pratos custa entre HK$ 700 e HK$ 900 (de 190 a 250 reais). Nos restaurantes mais estrelados, esse pode ser o valor de um prato só.

Não deixe de reservar com antecedência.

Padaria em Wan Chai
Padaria em Wan Chai

Um caso de amor: as padarias

Quem mora no Rio de Janeiro sabe bem o que é um joelho: aquele salgado da lanchonete da esquina, tipo um pãozinho, recheado de presunto e queijo. Pois o melhor joelho que já comi… foi em Hong Kong.

Padaria em Wan Chai, Hong Kong
O “joelho de Hong Kong”

Nunca experimentei um pão tão macio. O recheio não era gorduroso, e a massa ainda havia sido cuidadosamente trançada e acomodada em uma fôrma de papel. É muito carinho.

Acabei almoçando de pé, na rua mesmo, me revezando entre os quitutes de duas padarias vizinhas em Wan Chai.

Padaria em Wan Chai, Hong Kong

Em Hong Kong, as padarias funcionam em pequenas lojas. Você entra e aponta os itens que deseja levar (salgados, biscoitos, pães, bolos, tortinhas salgadas) ou coloca em um saquinho e entrega no caixa. Procure imitar o que fazem os outros clientes :mrgreen:

Um salgado recheado custa entre HK$ 3 e HK$ 6 — de uns 0,80 a 1,60 reais. E, com toda sinceridade, as massas são tão espetaculares que eu ficaria até em dúvida se precisasse escolher entre um jantar estrelado e um “joelho de Hong Kong”.

Padaria em Wan Chai, Hong Kong

Acho que acabaria tendendo à última opção.

* Mariana viajou a convite do Hong Kong Tourism Board e da Edelman Significa.

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2 comentários

Estas dicas foram fantástica Obrigado e um muito merecido Parabéns ao autor, pois sou de Macau e fiquei a conhecer muito mais de Hong Kong, e como vou estar até dia 30. em Macau e sendo a travessia tão barata através da nova ponte que liga Macau a Hong Kong, vou tirar o máximo proveito destas informações que aqui li. Bem Haja

Excelentes dicas! Estou indo para HK agora em abril e saber os nomes das comidas melhores já ajuda bastante, além das sugestões de restaurantes! Show de bola!

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