Hong Kong: mapa de papel 1 x 0 Google Maps
| Causeway Bay |
Meu iPhone quebrou em Cingapura, numa triste história que envolve uma bolsa, uma garrafa d’água e jet lag. Fiquei mal pelo prejuízo (até porque, nessa mesma triste história, lá se foi também uma câmera). Mas, acreditem, o pior mesmo foi ficar sem meu Google Maps.
Não tenho qualquer senso de direção, e o Google Maps é, pra mim, a grande invenção do mundo contemporâneo. Para viagens, ele evita reservas em hotéis com localização ruim, sugere rotas em transporte público e permite montar mapas personalizados, com as atrações que você vai visitar.
Fora que você dá três passos, e olha lá a bolinha te acompanhando. Ninguém se perde.
Pois bem. Fiquei sem o iPhone logo antes de chegar em Hong Kong, onde certamente compraria outro. Mas, até chegar à Apple Store, eu precisaria sair do meu hotel na península de Kowloon, achar a loja para comprar a câmera nova no centro do bairro, pegar o metrô, ir até a ilha de Hong Kong e, aí sim, comprar o iPhone novo. Tudo isso sozinha. Num lugar onde até a escrita é diferente.
Por via das dúvidas, consultei como ir do hotel até a loja de câmeras usando o Google Maps no notebook, e também como ir de lá à Apple Store. Anotei num mapa de papel que peguei na recepção. E saí com o notebook na mochila. Qualquer galho, era só descolar um wi-fi.
Primeiros passos
Tsim Sha Tsui é o bairro bacana da península de Kowloon, às margens do Victoria Harbour (o porto entre Kowloon e a ilha de Hong Kong). Meu hotel, o Kowloon Shangri-La, ficava justamente de frente para a baía. Não estranhei quando o Google Maps traçou a rota de lá até o centrinho comercial margeando a orla. Me pareceu prático.
Mas, por essa rota, andei o tempo inteiro ao lado de uma grande avenida, com poucos pedestres à vista; entrei numa passagem subterrânea enorme (que, por lá, se chama subway — sabiam dessa?); passei na frente de garagens de hotéis e não vi nada muito mais interessante do que isso. Chegando mais perto do destino, percebi que o Google Maps havia me passado a perna: encontrei ruas cheias de vida, de néons e de gente, por onde poderia ter caminhado vendo vitrines, num trajeto muito mais interessante até a loja.
Comprei a câmera, e antes de ir para Hong Kong, decidi deixar o computador no quarto do hotel. Seria um dia sem Google Maps.
Não foi difícil: Tsim Sha Tsui e as áreas mais turísticas de Hong Kong são tão bem sinalizadas, que nem o mais perdido dos ocidentais (presente!) tem dificuldades para se virar sozinho. Os bairros são pequenos, e boa parte das ruas nessas áreas têm nomes em inglês (Hollywood, Nathan, Queen’s), por conta da colonização britânica, que só teve fim em 1997. Os nomes de rua em cantonês (Wan Chai, Yee Wo, Tai Yuen) são escritos nas placas com caracteres chineses e com o alfabeto latino. Várias placas de rua também apontam para as atrações turísticas ou referências mais próximas. Por todos os lados há sinais indicando onde estão as saídas do metrô, que são muitas, mas muitas mesmo.
Não demorou para eu guardar o mapa de papel no bolso e vagar um pouco sem rumo. Num lugar tão diferente de casa, cada virada de esquina guarda uma surpresa.
A meu favor, uma cidade segura dia e noite, onde o turista pode andar despreocupado com a câmera no pescoço pelas ruas, no metrô e até na muvuca de Causeway Bay.
Eu diria que se perder em Hong Kong é uma delícia, caso desse para se perder em Hong Kong.
Andando de metrô
O metrô é um capítulo à parte. Quem se perde pelas ruas, como eu, também é dado a pegar trem na direção contrária.
No metrô de Hong Kong isso é difícil de acontecer. O trajeto já percorrido pelo trem até aquela estação é informado tanto em painéis na plataforma quanto dentro dos vagões, com mapas luminosos.
[Metrô de Hong Kong]
É só prestar uma atençãozinha mínima e você chega em qualquer lugar de Hong Kong, sem se perder, em poucos minutos. A sinalização nas estações é exemplar, e os guichês de atendimento ao público têm funcionários que falam inglês e são super atenciosos.
Ao chegar no destino, vale olhar com calma o quadro de saídas. São sempre muitas as opções — uma das estações em que estive tinha saídas de A a P. Para cada letra há uma pequena lista de pontos de referência, com nomes de hotéis, prédios comerciais ou ruas que sejam bem conhecidos naquela área. Dá pra imaginar, só por isso, o tamanho gigantesco de cada estação. Mas sair já pertinho do lugar que se pretende visitar é uma vantagem e tanto para o turista.
No fim do passeio, é só seguir as placas que indicam a saída de metrô mais próxima. Sempre tem uma pelo caminho.
E o Google Maps?
Permaneço uma fã confessa, mas admito que, para rodar em Hong Kong, ele não foi de muita utilidade. Sem problemas: testes de autonomia como esse só nos tornam melhores turistas.
Mariana viajou a convite do Hong Kong Tourism Board e da Edelman Significa.
[Transcrito manualmente de um post publicado em maio de 2013. Pedimos desculpas pelos comentários que não puderam ser transferidos]
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1 comentário
Muito boas as dicas, Mariana! Vou usar em minha viagem ao Japão, quando vou fazer um stop over em Hong Kong. Obrigado!