Caindo a ficha: Santiago
Precisei de doze dias, espalhados em três visitas, para que finalmente caísse a ficha de Santiago do Chile para mim.
Isso só aconteceu quando eu 1) deixei de procurar Buenos Aires em Santiago e 2) parei com a minha implicância com a parte moderna da cidade.
Mi Santiago querido
A síndrome da comparação com Buenos Aires, que já prejudica bastante nossas visitas a Montevidéu, pode nos fazer passar batidos pelas qualidades de Santiago.
Não se deve perder tempo procurando a arquitetura clássica de Buenos Aires, a sensualidade do tango, os preços indecentes de baratos. Santiago é uma cidade com arquitetura prática, moldada por terremotos, e urbanismo avançado. O chileno é tímido e ordeiro, sem os arroubos extravagantes do argentino. A economia é tocada com responsabilidade há décadas, e por isso a moeda não está subvalorizada. Santiago (o Chile!) não é um lugar que viva do seu passado — e é por isso que ignorar a parte moderna da cidade, como eu fiz das duas primeiras vezes em que lá estive, é um erro amador. Assim como a Recoleta é a expressão da prosperidade argentina da primeira metade do século passado, Las Condes e seu entorno reflete o extraordinário progresso das últimas décadas.
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O que é que Santiago tem?
Para o visitante, a primeira qualidade de Santiago tem a ver com logística. Santiago é uma base perfeita para inúmeras viagens curtas, cada uma com um sabor diferente: a colorida cidade portuária de Valparaíso (praticamente a antítese da comportada capital), a elegante Viña del Mar (que está com a visita prejudicada enquanto os palacetes interditados depois do terremoto sejam reabertos), as vinícolas do Vale de Casablanca, as estações de montanha.
Com sorte, você vai pegar um dia em que lá pelo fim da manhã a névoa ao longe se disperse e de repente acenda as cordilheiras que circundam a cidade. Ver os Andes nevados como pano de fundo do skyline não tem preço.
Armado de boas informações, você come muitíssimo bem em Santiago. A qualidade dos ingredientes — frutos do mar, legumes e frutas, carnes também — é espetacular. E os preços, se não são risíveis como os argentinos, são muito razoáveis para quem se aventura por restaurantes da mesma categoria em São Paulo ou Rio.
E finalmente: quando você parar de procurar o antigo, o típico ou o extravagante, você vai se dar conta do que faz Santiago ser realmente incrível: a civilização. Como pode existir uma metrópole tão limpa, organizada, ordeira, em latitudes sul-americanas? Ver com os nossos próprios olhos que isso é possível já vale a viagem.
(Parênteses: na primeira das três viagens recentes, tuitei, todo trabalhado no sarcasmo, que Santiago era a maior Curitiba do planeta. Nessa terceira passada, cristalizei a minha impressão inicial. Só que desta vez isso se transformou em elogio sincero.)
Pronto. Agora que já expliquei Santiago a mim mesmo, posso tocar os posts que faltam: onde se hospedar e onde se divertir. Güentem mais um pouquinho.
Leia mais:
- Santiago: roteiro completo dia a dia (e como seguir viagem pelo Chile)
- Santiago: 25 hotéis bem-localizados (com mapa!)
- Santiago: os 10 hotéis mais reservados pelos leitores
- Fotoblog: pelas atrações do Centro de Santiago
191 comentários
eu sou muito suspeita para me pronunciar
sou fã!
Gosto muito mais de Santiago do que Buenos Aires
aqui eu como coentro todo dia sem reclamar,
e até sinto falta…
Marilia, tô com você!
Me sinto até um peixe fora d’agua quando me vejo como o único defensor de Santiago nas comparações com Buenos Aires. Talvez o que aconteceu com o Riq agora aconteça comigo na próxima ida a Buenos Aires, porque minha primeira visita lá foi decepcionante…
Eu tenho um carinho muito grande pelo Chile, por sua capital belíssima e pelo seu povo surpreendentemente simpático e hospitaleiro.
;D
Passei a virada de 2006 em Santiago, me encantei e agora, a caminho do Atacama, deu uma pontinha de vontade de dar um pulinho na cidade (mas as milhas não permitiam).
Acho que por morar em Curitiba não tinha me ligado da semelhança entre as cidades. Só reparei ao pensar em comentar o post… o diferencial de Santiago, para mim, está no metrô que funciona, nas vinícolas urbanas e na vista para a cordilheira que é um espetáculo à parte.
Já estou ansiosa esperando pelos posts: quem sabe não me dão o caminho para as próximas férias!
Legal, Riq!
Adoro Santiago e estou doida pra voltar.
Foi a primeira cidade no exterior que conheci, então pra mim foi muuuuita novidade.
Não conheço Curitiba, mas quando penso em Santiago eu a comparo é com São Paulo.
E adoro, adoro, adoro São Paulo também…
Talvez eu, que não vejo graça em Buenos Aires, tenha melhor sorte e boas experiências em Santiago 🙂
Eu também já não vejo mais graça em Buenos Aires, e gostei muito mais de Santiago!
Perfeita a colocação Marcio. Eu estou começando a repensar que talvez seja melhor conhecer Santiago antes de ir pela 2a vez a BA, como tem muitos anos da 1a, acho que não vou procurar a 2a na 1a!
Riq,
“você vai se dar conta do que faz Santiago ser realmente incrível: a civilização. Como pode existir uma metrópole tão limpa, organizada, ordeira, em latitudes sul-americanas?”
Isso foi o que mais me chamou a atenção em Santiago. Cidade que só estive por uma rápida vez, mas que me conquistou de primeira. Eu fiquei pasmo ao encontrar uma rua de pedestre no centro da cidade sem nenhuma sujeira no chão, em poder andar de noite pelas ruas de uma metrópole sulamericana, sem ter um pingo de receio. Adicionalmente, achei os locais supersimpáticos e atenciosos, a despeito de eles próprios não se acharem. 🙂
Realmente é uma cidade ótima.
P.S.: Como eu ainda não conheço Buenos Aires, naturalmente não a procurei em Santiago, mas fico com receio de fazer o inverso, quando for a Buenos Aires: procurar Santiago nela e me decepcionar.
Adorei o post, assim como adorei conhecer Santiago!!!
Riq, adorei este post declaracao de amor a Santiago.
Tenho certeza que vai ser para o Chile que vou gastar meus pontos TAM, hehe.
Vou aguardar ansiosamente proximos posts…
Parece tão simples quando se diz, mas na prática não é tão fácil domar as expectativas… Eu também tive que parar de procurar Buenos Aires em Santiago, Montevidéu ou onde for, senão não ia curtir mais nenhum lugar… 😉
Acho que, em parte, gostei muito de Montevidéu por já ter sido “preparada” – aqui, no I&V e outros blogs – para não esperar encontrar lá uma outra Buenos Aires. O resultado não poderia ter sido melhor e voltaria a Montevidéu fácil, fácil.
Santiago está na minha lista, mas a visita deve ficar para 2012.
Aguardando ansiosamente o ‘onde se divertir’. Já que a etapa ‘onde se hospedar’ já foi concluída. Hotel Orly, em Providência, de novo.
E, claro, aguardando ansiosamente 16/09 chegar!
Abs!