A mulher viajante
Pela data de hoje, o Dia Internacional da Mulher, o Riq me pediu para escrever um post que falasse sobre viagens para mulheres. Pensei cá com os meus botões: será que isso existe? As mulheres que conheço não parecem planejar viagens diferentes das viagens que fazem os homens. As curiosidades e os desejos são iguais. Talvez nossas malas sejam um pouco maiores, só.
Ser um turista homem e ser uma turista mulher, aí sim é diferente. Principalmente quando estamos sozinhas. Sem precisar ir tão longe — ao Oriente Médio, por exemplo –, experimentamos algumas situações que só as mulheres viajantes passam.
Lembro de algumas histórias. De férias no sul da Bahia, fui tratada com dó. Viajei em modo solo de propósito, querendo descanso. O recepcionista do hotel em Arraial d’Ajuda, aflitíssimo por eu estar sozinha, não sossegou enquanto não arranjou alguém para me apresentar. “Mariana, essa é a fulana de tal, que chegou hoje! Ela também está aqui sem ninguém! Olha, vocês podem ser amigas”. Cumprimentei e fugi. O garçom de um restaurante, que também ficou morrendo de pena de mim por eu estar sem companhia, começou a falar comigo como se eu fosse criança. Trouxe o jantar cantando “Tá na ho-ra da me-ren-da!”. Ele foi até fofo, mas… oi?!
Em Punta Cana, a trabalho, a situação complicou. Nos resorts, os garçons, bartenders, vendedores de passeio não têm respeito algum por mulheres sozinhas. No primeiro dia de viagem receber uma cantada é algo engraçado, mas no segundo, no terceiro, no décimo é menos lisonjeiro e mais constrangedor. Não fui tratada de forma rude, exatamente, mas prefiro que um garçom me pergunte se quero queijo ralado em vez de perguntar se posso dar um beijo nele mais tarde.
Percalços à parte, tenho um orgulho tremendo de ser a primeira mulher da minha família a viajar por aí desacompanhada. Que fiquem de vez para trás os tempos em que dependíamos de mais alguém para sair de casa. De malas de rodinha em mãos, estamos prontas para ver o mundo — sozinhas, se quisermos. Nós podemos.
Por falar em mala, chegando em um albergue em Miami cheio de escadas, um amigo se virou pra mim: “Mariana, quer ajuda?”, “Não, tá tudo bem!”, “Mariana, deixa eu levar pra você”, “Não precisa”, “Mariana, pára de dar uma de Malu Mulher e me passa essa mala”.
Aí eu aceitei, né.
Feliz Dia Internacional da Mulher pra gente.
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76 comentários
Ótimas dicas!
adorei o texto e realmente tem quem fique com peninha… e é como vc diz OI?!? Pena pq? é uma delicia viajar sozinha. Eu tenho 45 anos, marido e 2 filhos e fui em 2012 passar 10 dias 100% desempacotada em Santiago do Chile, e confesso quando cheguei ao aeroporto deu um medinho basico, em alguns momentos pensei puts exagerei 10 dias? Depois amei. E agora em Novembro de 2013 realizei o sonho de conhecer Marrocos e la fui eu sozinha por 11 dias. Conclui que todos os anos terei que fazer pelo menos um destino solo. é muito bom. Como eu disse no meu facebook é viajar Sem responsa com ninguem, sem ter que cotar o seu dinheiro e do outro que nao se interessou em aprender, sem ter que tirar um monte de foto do outro fazendo pose. E sei o que to falando, porque tenho uma amiga que 100% confia em mim pra fechar viagens, a confiança é legal, mas o peso de pensar no melhor aereo, no hotel, no custo beneficio e localização, cambio de moeda, cansa!
Hahahahaha!!! E eu tinha perdido este post! 😆 😆
Trazer a refeição cantando é inédito!!! Nunca tinha ouvido falar 😀
Agora, euzinha, vou passando a mala antes que a pessoa termine a frase “Quer ajud..?” Nunca dei uma de Malu Mulher!
Também sou a única da família e do meu circulo de amizades a viajar sozinha!
Buenos Aires,Montevidéu, Punta del Este, Ny e ano novo em Vegas foram os destinos.
Ótimo post Mariana, ótima ideia Riq e que sirva de estímulo para as mulheres viajarem sozinhas . Meus filhos e marido ficam muito orgulhosos por eu viajar sozinha e curtem muito quando volto cheia de novidades e fotos. Europa e Estados Unidos tratam muito bem viajantes sozinhas e é muito comum encontrar mulheres jovens e de mais idade desacompanhadas. Nunca viajei sozinha pelo Brasil.
Adorei a matéria! Eu tenho 35 anos e passei 3 meses sozinha viajando pela Europa e foi uma experiencia unica! Mês passado passei uma semana no Chile sozinha e mês que vem pretendo ir a Machu Picchu tb sozinha. É isso ai mulherada, não precisamos de nada além da mala de rodinha, da necessaire, do passaporte e do smartphone com google maps para desbravar o mundo! Mas infelizmente tb não sinto segurança em fazer isso aqui no Brasil…o que é uma pena visto que temos lugares lindos para desbravar.
Curti muito, Merel!
É isso aí, gente!! Tem até um monte de sites para mulheres viajantes, como o http://www.mulherviajante.com.br – super legal! Um beijo a todas !!
Viajar sozinha é uma experiência individual de conquista e aprendizagem. Na Europa é fácil e com um mínimo de planejamento, tudo acontece como uma orquestra ensaiada. Ninguém te olha com pena ou tenta te “encaixar” num grupo, embora fazer amizades, durante um passeio seja fácil e é exatamente aí que a viajante solo enriquece a experiência. Já passei dos cinquenta e munida de uma “mala de rodinha e nécessaire”, (que aliás é o nome do meu blog), acompanhada por um smartphone com uma boa conexão para acessar rapidamente o Google Maps, eu vou a qualquer lugar. Acabo de chegar de 5 dias em Berlin, temperatura média de -8, totalmente sozinha e independente. Infelizmente ainda não sinto segurança para fazer isso no Brasil. Não me imagino segurando um Galaxy Note 2 na Praça da República em São Paulo ou na Av Rio Branco no Rio de Janeiro às 11 da noite, enquanto o maps me indica o caminho para um restaurante ou algo parecido. Sinceramente, tenho momentos de alegria infinita por estar sozinha (mas nunca solitária).
Ser uma mulher, madura, viajante e feliz não é uma questão de coragem. É uma questão de independência e de gostar da própria companhia. Parabéns para nós!!
Gostei muito do seu post Celina! Fiz uma experiência solo em janeiro na Cidade do Cabo e me senti muito segura e feliz.
Que legal seu comentário Celina! É uma pena que a gente tenha insegurança de viajar pelo Brasil sozinhas…
Estou dois anos atrasada, mas as questões do tema continuam, então acho que está valendo. Muito bom o post, é um desabafo e uma boa terapia para todas as mulheres. Adorei o “Deixa de ser Malu Mulher” ahaha
Ótimo texto, e muito oportuno, pois cada vez que eu viajo percebo que tem mais e mais mulheres viajando solo.
Acho mais fácil conhecer gente nova quando estamos sozinhas do que quando viajamos em turma ou mesmo em casal. É a necessidade de interagir que nos coloca nas situações mais propícias pra fazer novas amizades.
E, desculpem-me os meninos, mas não vejo tantos rapazes sozinhos viajando sozinhos por aí.