O viajante independente também existe | Tony Galvez

Lençóis Maranhenses

Este é o primeiro post de uma série que vai mostrar a importância do viajante independente para o turismo brasileiro e o que deveríamos fazer para que este viajante viesse em maior número. Começamos com Tony Galvez, espanhol apaixonado pelo Brasil, autor do De Viaje a Brasil, o melhor blog sobre viagens ao Brasil em língua espanhola.

Texto | Tony Galvez

O esquecimento do viajante independente (VI) está relacionado com a persistência em modelos de marketing turístico dos anos 90, quando a internet ainda nem engatinhava. O receio do trade turístico, que teme que um apoio ao VI possa resultar em uma perda de negócios, também colabora com esse esquecimento. Temores infundados, uma vez que o VI continua sendo consumidor de serviços turísticos e muitos não dispensam os serviços de um bom agente de viagens. No destino, o VI gasta seu orçamento em hospedagem, restaurantes e passeios como qualquer outro turista e até se poderia argumentar que ninguém redistribui renda melhor do que ele.

O viajante independente é maioria

Uma pesquisa realizada no Rio revelou que 70% dos estrangeiros que visitavam a cidade eram VI’s. No 1º Salão Baiano de Turismo foi divulgado que os VI’s estrangeiros na Bahia também significam 70% do total.

Esse esquecimento causa espanto

A Embratur declarou recentemente que sua missão é “colocar o Brasil nas prateleiras das operadoras”. Suas ações estão focadas no suporte às agências de viagens e aos jornalistas estrangeiros. Não há apoio para blogueiros ou mídias sociais, espaços aos quais os VI’s recorrem para o planejamento de suas viagens.

A Embratur gasta seu orçamento gerando interesse pelo Brasil. É necessário motivar os estrangeiros para que conheçam o país. Um vídeo, uma foto, uma música podem motivar, mas não resolvem as necessidades de informação do VI, que não são atendidas pelas instituições e sim por pessoas que trabalham para explicar o Brasil para estrangeiros, sem nenhum apoio institucional.

Com o apoio ao VI quem ganha é o Brasil

Nem o trade turístico, nem as agências de viagens precisam olhar para o VI com receio. Ele é a maior força de marketing turístico que existe. Volta para casa e bloga sobre suas viagens, sobe suas fotos, compartilha no Facebook, é ativo no Twitter. O VI é multiplicador. Seus esforços não têm vida curta como um artigo no jornal de domingo. Quanto maior a divulgação do Brasil, maior será o interesse por ele, beneficiando também as agências e os pacotes fechados.

Como é possível dar apoio para o VI?

Três passos fundamentais:

1. Reconhecimento da existência do VI. Uma reformulação das estratégias de marketing para refletir a realidade das viagens fora dos pacotes fechados e eventos.

2. Investimento em ferramentas na internet que atendam as necessidades reais de informação do VI.

3. Apoiar quem trabalha dando suporte ao VI. Países como a Nova Zelândia, a Noruega ou a vizinha Colômbia desenvolvem estratégias para dar apoio aos blogueiros de viagens. A Embratur nunca estendeu a mão para apoiar os blogueiros (vale a pena salientar que o apoio aos blogueiros de viagens requer uma pequena fração do orçamento hoje gasto para trazer jornalistas e agentes de viagens para o Brasil). Os blogs de viagens são hoje a fonte de apoio usada pelos VI’s que querem desbravar o Brasil.

O VI não é necessariamente o salvador do turismo no Brasil. Mas esquecê-lo só limita o crescimento do setor.

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20 comentários

Na empresa onde trabalho tenho muito contato com estagiários de faculdades de turismo e hotelaria em SP. Sempre na sua admissão, pergunto quais os blogs de turismo que conhecem, inclusive se conhecem o VnV, qual é a minha surpresa com o TOTAL desconhecimento deles. No meio acadêmico os blogs de turismo NÃO existem. Acho que para eles VI são ETs!!!! Abra os olhos, Brasiuuuu!!

Muito boa iniciativa de vocês desta matéria, temos que dar muito valor a estas pessoas. Adoramos viajar em família (VIs) e sempre procuro sites, blogs de informação do destino pois fica mais barato e tbe descobrimos lugares que dentro de um pacote as vezes não teríamos chances.

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